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Sabe aquela ressaca?!

Fadiga, dor de cabeça, náuseas, tontura, irritabilidade e sensibilidade a luz. Esses são alguns dos sintomas que surgem algumas horas após se ter uma intoxicação aguda de álcool. Sim, esses são os sintomas da famosa RESSACA! Ao que se sabe a palavra ressaca vem de uma mistura do norueguês “mal estar após libertinagem” e do grego “dor”. Talvez você já tenha passado por esse momento (ou talvez não, espero que não), em todo caso, nenhuma pessoa sente prazer na ressaca, isso é fato. Mas infelizmente, muitas vezes acabamos vivendo uma “ressaca espiritual”.

Desde de Gênesis o pecado tem esse péssimo costume de nos fazer fugir e se esconder da presença de Deus. Isso fica claro quando ao comer o fruto proibido e terem seus olhos “abertos”, Adão e Eva correm se esconder ao ouvir a voz de Deus (Gênesis 3.8). Acredito que além da vergonha, eles foram tomados por um peso, o peso da culpa. A culpa nos faz olhar para nós e nos medir baseado nos nossos pecados e então ela decreta que não somos dignos de ter um relacionamento com Deus. Não apenas isso, mas a culpa gera em nós uma depressão egocêntrica, autopiedade e autocomiseração.

Vivendo a ressaca espiritual

Eu confesso que lutar contra o sentimento de culpa também é uma das minhas batalhas, você não luta sozinho. Sei que viver essa ressaca é realmente desanimador, ficamos irritados (com tudo, todos e principalmente com nós mesmos), nossa cabeça se enche de pensamentos ruins (a nosso respeito e a respeito de Deus) e por fim, ficamos extremamente sensível e incomodados com a luz das Escrituras. Estudiosos na área de análise comportamental e psicológica alertam que a culpa pode trazer consigo isolamento, tratar mal as pessoas, murmuração, ingratidão e pode gerar vícios em álcool e outras drogas.

Aqui eu me refiro ao sentimento de culpa que distorce a nossa identidade, a culpa amarga que amarra a alma. A culpa que nos faz reviver em nossa mente o nosso próprio pecado várias vezes, que nos faz acreditar que quem somos está baseado no que fazemos. A culpa que nos mata aos poucos. Não é à toa que no Salmo 32 Davi afirma: “enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer”. Assim, a culpa nos cega para uma verdade preciosa: o Senhor não atribui culpa! O salmista também declara nos versos 1 e 2 o quanto é feliz “aquele que tem suas transgressões perdoadas e seus pecados apagados! Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa e em quem não há hipocrisia!”.

A luz que incomoda

Ainda que nossos olhos fiquem doloridos com a Luz, é necessário que voltemos à ela para lutar. Sem dúvida o pecado nos separa sim de Deus (Romanos 3.23-24), mas a fé no sacrifício de Jesus expulsa a culpa, John Piper ensina que “a fé na graça futura produz o amor ao remover a culpa”. Em Hebreus somos lembrados de que com uma única oferta, Deus aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados (Hebreus 10.14), ou seja, a morte de Jesus é suficiente para garantir a absolvição e a justiça agora e para sempre. Não deixe que as acusações do pecado dominem sua mente, “todavia, lembro-me também do que pode dar-me esperança: Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a tua fidelidade!” (Lamentações 3.21-23).

Entenda que de maneira alguma quero negar que temos culpa no cartório, somos responsáveis por aquilo que fazemos. Não devemos fugir dos nossos erros e tão pouco sermos reféns deles. Se faz necessário desenvolver uma perspectiva bíblica sobre meu pecado. Busque viver em liberdade, “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1.9). A dor consequente do pecado não é em hipótese alguma uma marca de condenação ou rejeição da parte de Deus. É um lembrete que pecamos e necessitamos da graça, precisamos nos arrepender e confessar.

A graça que anula a culpa

John MacArthur defende que “a culpa não pode coexistir com a graça” o entendimento pleno da graça nos faz aceitar e compreender que “onde aumentou o pecado, transbordou a graça, a fim de que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor” (Romanos 5.20-21). Uma vez que Jesus morreu por nossos pecados, o preço foi pago de uma vez por todas. “Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus, porque por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito de vida me libertou da lei do pecado e da morte” (Romanos 8.1-2 – grifo do autor). Uma vez que somos salvos pode ser que continuemos a sofrer a consequência dos nossos pecados, mas não há condenação, nem culpa por eles.

A culpa nos aprisiona em um quarto escuro e busca nos deixar imóvel, que nessa luta a oração seja nossa arma mais poderosa, que nosso clamor seja o mesmo de Davi em Salmos 51.10: “Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável”.

Um espírito estável nos faz viver baseados na nossa origem e não no nosso passado.

JG

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