Ernest Hemingway, famoso escritor norte-americano, foi uma pessoa bem descontente e perdida. Durante a sua vida, ele procurou de todos os jeitos a própria satisfação para preencher aquele buraquinho em que parece que sempre falta uma peça para encaixar. Ele tentou. Tentou com bebidas, romances e, por fim, suicídio; mas ele não acertou. Acertou, no entanto, quando ele disse a frase que nomeia o título deste texto: estamos todos quebrados, e é assim que a luz entra.
Switchfoot, em seu álbum Where the Light Shines Through, traz essa ideia também. Jon Foreman canta no refrão da música: “feridas são por onde a luz entra, feridas são onde a luz te encontra”. Hemingway e Switchfoot concordam numa coisa: é nas nossas feridas e falhas que a luz passa por dentro de nós. Mas, afinal, o que isso tudo significa?
Somos humanos. Somos falhos, erramos uns com os outros, com nós mesmos e principalmente com Deus; machucamos, somos feridos. Nossas histórias pessoais são carregadas por lembranças pesadas que jamais gostaríamos de ter vivido, mas que, de alguma forma bem estranha e que nós não entendemos muito bem, nos trouxeram para onde estamos. Isso tudo faz parte da nossa humanidade.
A verdade é que somos maus e estamos distantes de Deus por natureza. Fomos criados por Ele e para Ele, mas a nossa condição nos levou à quebra desse propósito e hoje sofremos as consequências disso. Sofremos com o vazio do distanciamento.
Quando algo dói, lembramos da existência da dor. Quando sangramos, nos lembramos que temos órgãos nos mantendo vivos. Nosso vazio interno, o lugar quebrado dentro de nós, aponta para algo que precisa de conserto – e que não vem de nós –, e é por meio disso que a luz entra.
A luz é Jesus, Jesus de Nazaré, Deus encarnado em forma humana. Jesus é o Deus que se fez humano para passar por todas as nossas dores, e Ele experimentou o vazio também. Ele sofreu como ninguém carregando todo o peso dos erros da humanidade quando morreu na cruz como um sacrifício. Por suas feridas fomos sarados e por seu sacrifício temos paz com Deus novamente.
Jesus nos encontra nas nossas cicatrizes. Não temos para onde fugir quando Ele vem com a sua luz e torna claro os cantos mais obscuros do nosso ser; tudo aquilo que nós tentamos custosamente superar sozinhos em vão. De fato, não tem como conviver consigo mesmo dessa forma. A única solução é nos rendermos a esse Deus tremendamente misericordioso e maravilhosamente amoroso, que vê nossas feridas e deseja curá-las. Que nos enxerga como humanos, a sua criação, e nos ama além do que somos capazes de imaginar. Ele nos amou desde o começo e conhece cada traço da nossa história.
Podemos ter sofrido, mas não o suficiente para que a graça de Deus não nos encontre. Que ela brilhe ao mundo através das nossas cicatrizes.
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(Ana Laura faz parte da nossa equipe agora, conheça mais sobre ela aqui)