Como vimos no capítulo anterior Daniel já se encontrava há muito tempo exilado na Babilônia e a essa altura acredita-se que ele estava com aproximadamente 80 anos. E mesmo em idade avançada vemos que ele continua decidindo ser um influenciador e negando ser influenciado pelo contexto em que se encontrava, como vimos no primeiro texto.
Acontecimentos
No capítulo 6 nos é dito que o rei Dario decide chamar 120 sátrapas, que eram como se fossem governadores, para ajudar a administrar todo o reino. Daniel é colocado como um dos 3 presidentes para quem os sátrapas tinham que prestar contas. É interessante notar, que quando um império conquistava outro a tendencia era tirar todos os homens do cargo de poder e colocar apenas pessoas do próprio império, por uma questão de segurança. Contudo, o rei Dario faz questão de manter Daniel e ainda dar um cargo de honra para ele, mais uma vez ele se destaca por ter um “espírito excelente” como vem acontecendo desde o primeiro capítulo.
Os outros sátrapas e presidentes mordidos de ciúmes, tentaram achar algum erro nas funções de Daniel ou algo que pudesse prejudicá-lo, “mas não conseguiram encontrar esse pretexto, nem culpa alguma, porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa” (v.4 – grifo do autor). Então eles tiveram que criar uma estratégia que envolvesse algo relacionado ao Deus de Daniel. Eles incitam o rei a criar um decreto, para que fosse jogado na cova dos leões qualquer um que, durante 30 dias orasse ou pedisse algo para qualquer outro deus no lugar do rei. Fazendo isso eles estavam apelando para o ego do rei, mostrando que assim o rei teria mais autoridade sobre o povo. Mas o alvo deles por trás dos bastidores era derrubar Daniel. Com essa atitude, é possível perceber a corrupção no governo humano, pois para conseguir o que queriam se dispuseram a mentir, ao se apresentarem ao rei eles declaram que todos os presidentes e as outras autoridades estavam cientes e de acordo com o decreto (v.7), mas evidentemente Daniel não estava sabendo disso.
Quando ele ficou sabendo, voltou para sua casa e como de costume foi orar, uma prática que ele fazia 3 vezes ao dia e que aprendera quando morava em Jerusalém. Sabendo disso aqueles homens foram e pegaram Daniel no flagra. O acusaram diante do rei que ficou triste e tentou livrá-lo de ser morto, mas o decreto já havia sido assinado e não era possível ser revogado. O rei manda chamar Daniel e antes de jogá-lo na cova diz que espera que o Deus dele possa livrá-lo. A cova é fechada com uma pedra selada pelo anel do rei dos outros homens importantes do reino. Esse selo com os anéis mostra que existe uma diferença entre os reinados de Nabucodonosor e do rei Dario, um era rei com poder absoluto, já o outro precisava de um “parlamento”, de apoio político. O rei vai para seu quarto e em jejum não consegue dormir, pois estava aflito com a situação de Daniel. E a primeira coisa que faz ao acordar é ir até a cova e chamar por ele, perguntando se o Deus dele o havia livrado.
Para surpresa do rei, Daniel estava vivo e declara que o Senhor havia mandado um anjo para fechar a boca dos leões, e que Deus o tinha considerado inocente. O rei muito alegre com essa notícia manda que tirem Daniel de lá, e ordena que joguem os homens que armaram esse golpe e suas famílias (era um costume do oriente médio que a família sofresse a consequência do que o pai/marido havia feito) e antes mesmo que esses alcançassem o fundo da cova já foram devorados pelos leões famintos. O rei Dario faz um decreto para que o Deus de Daniel seja adicionado a lista dos deuses como Deus supremo e mais uma vez Daniel também prosperou durante o reinado de Dario.
Aplicações
“Meus irmãos, tenham por motivo de grande alegria o fato de passarem por várias provações, sabendo que a provação da fé que vocês têm produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que vocês sejam perfeitos e íntegros, sem que lhes falte nada” (Tiago 1.2-4).
Assim como seus amigos no capítulo 3 são testados, agora é a vez de Daniel ter sua fé testada. E precisamos entender que Deus permite que os fiéis passem por isso, afim de fortalecer a fé e testemunhar sobre o próprio Deus. Daniel foi um homem íntegro em meio a corrupção, mesmo sendo alvo de uma conspiração. Em nenhum momento ele exitou ou foi tirar satisfação do porquê não tinha participado juntamente com os outros presidentes da criação do decreto. Ninguém estava pedindo para que ele negasse a Deus, apenas que não orasse durante 30 dias. Daniel não podia aceitar isso, porque para ele a intimidade com Deus era o que possuía de mais precioso, sua integridade consistia nisso, e em fazer o que era certo quer tivesse gente o vigiando ou não.
A primeira coisa que devemos aprender com Daniel é: criar o hábito de orar constantemente. Daniel não esperou que fosse feito um decreto proibindo orar para começar a orar, e tão pouco foi orar apenas para afrontar a lei. Ele estava fazendo o que ele já tinha costume de fazer. Sua oração gerava intimidade com Deus, ele alcançava a graça de Deus e encontrava forças para não ser influenciado. Era essa intimidade que criava nele um espírito excelente.
Segunda coisa: um caráter íntegro. Foi em vão a tentativa de achar algo contra Daniel e sua conduta, isso porque ele havia entendido que a fidelidade dele a Deus o levava a ser fiel no seu trabalho e a fazer tudo como se fosse para o Senhor (Colossenses 3.23). Ele foi fiel no pouco (quando decidiu se abster da dieta do rei) e agora se mostrava fiel no muito. Ele confiou e se entregou a Deus, estando disposto a sofrer em troca de manter intacta sua fidelidade.
Hoje podemos nos considerar mais “beneficiados” do que Daniel, primeiro porque o nosso relacionamento com Deus foi plenamente restaurado através do sacrifício de Jesus na cruz, sua morte por nossos pecados abriu caminho para, uma vez que crermos nEle como nosso Senhor e Salvador, possamos ter acesso livre a Deus. Jesus é chamado Emanuel, o Deus conosco, e ao ser levado ao céu novamente nos deixou o Espírito Santo, que é Deus habitando em nós e nos ajudando a construir um caráter cada vez mais íntegro. Sendo assim, temos livre acesso ao Deus Pai, a presença constante de Deus Filho e a ajuda interna de Deus Espírito, e ainda temos a Bíblia completa, para nos guiar em cada dilema de nossas vidas. Qual é a sua Babilônia? Do que você está sendo alvo? Resista!
Temos todos os recursos em Cristo para sermos fieis, somos chamados nEle para resistir à pressão e corrupção desse mundo e assim cumprirmos o nosso papel de sermos a imagem e semelhança dEle.
JG
LINK DOS DEVOCIONAIS
Daniel 1 e 2 – Influencer
Daniel 3 – Prontos para morrer
Daniel 4 e 5 – Atente-se ao alerta
Daniel 6 – Um chamado a resistência
Daniel 7 e 8 – Xeque-mate
Daniel 9 – Vida de oração
Daniel 10 a 12 – Não há o que temer
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